Um caso de Terapia Regressiva de Memória
“O verdadeiro Homem Espiritual tem o dom de ser humilde…”
Tenho-me questionado como seria o ser humano se pudesse deixar totalmente os preconceitos, as regras e medos, o Ego e os conflitos, permitindo-se a ser verdadeiro e puro – tal como uma criança feliz no momento em que nasce. Porém, quase sempre prefere manter as ilusões a ter de olhar-se no espelho e a aceitar-se tal como é…
Porém, está habituado… Ao longo da sua vida o homem foi-se formatando com diferentes ideias criadas e programadas com que mais se identificou…
Nesse aspeto tenho-me apercebido que na via espiritual moderna criaram-se cardápios com menus para todos os gostos e modas… mas se me questionarem se existirá crítica no que acabo de dizer, responderei eu considero que tudo faz parte duma experiência humana…
Penso que o Homem se distanciou da verdadeira realidade que existe nele e, talvez essa tendência não seja dos tempos atuais. Porém, nesta época de alimentação fast food – em que se quer tudo rápido, ou da pastilha elástica – que se mastiga e deita fora, para depois se experimentar outra – julgo que a espiritualidade atual estará neste paradigma. Porque digo isto? Talvez porque tenho encontrado nesta área – para além do já habitual extremismo ou fanatismo religioso com diferentes caras – também um leque infindável de diferentes tipos de endeusamentos projetados em gurus, religiões new-age, “mestres” curadores iluminados, lobos espiritualistas em pele de anjos, médiuns “canalizadores” ou profetas místicos, assim como as mais diversas seitas mediúnicas com diferentes nomes – até mesmo ligadas à adoração de seres extraterrestres ou interdimensionais (na maior parte dos casos criando só dependências), finalizando no encantamento e fascínio (praticamente idêntica ao idealismo ou fanatismo religioso) projetado em outros seres humanos – na forma de ídolos (de música, de desporto ou política, por exemplo). Em pano de fundo permanece o endeusamento…
O homem sente-se atraído pelas experiências místicas e confunde isso com evolução espiritual – que seria ter mais Consciência e Amor (também por si próprio) e, que começa pela responsabilidade de se liberar de bloqueios seus interiores, entre os quais dependências não saudáveis…
Porém, a arrogância confunde-se com o medo da mudança…
Se nos apercebermos, na antiga forma de idolatria e endeusamento ideológico, estão presentes com a ilusão, a vaidade e a obsessão… até mesmo às vezes no seio das próprias famílias – entre pais e filhos, ou conjugues, por exemplo – pois a dificuldade de se ver a verdade no outro começa no meio familiar muitas vezes – tendo tido a sua origem no espírito étnico, que se tem mantido até aos dias de hoje, muitas vezes na forma de apego, medo e dependência e, onde o encantamento, o fascínio e a ideologia se misturam muitas vezes com a paixão e o controle – confundindo-se estes valores com o amor saudável e equilibrado entre membros da mesma família – onde somente a paz e a verdade, bem como a liberdade e a alegria deveriam estar presentes…
Sim, eu sei… São tudo formas de relacionamento e de crescimento… mas não advirá esta tendência de tempos passados em que estávamos habituados a não distinguir a realidade? Em que não nos amávamos nem valorizávamos – projetando a nossa energia em algo ou alguém, criando e idealizando no outro aquilo que nós gostaríamos na realidade de ser? Ou de períodos em que fomos ensinados a não gostar de nós próprios, sendo submetidos ou iludidos a idolatrar algo ou alguém? Poderá ser simplesmente o que resta dos tempos antigos de adoração a diversos deuses? Talvez…
Na antiga Roma idolatrava-se desde César ao deus da guerra, ou o bezerro de ouro, assim como no antigo Egipto endeusava-se o Imperador ou a serpente. Também no seio das antigas famílias reais ou nobres, chegavam-se a casar familiares do mesmo sangue para manter a linhagem… pois os nobres eram os deuses na terra… aliás, ainda assim muitos consideram nos dias de hoje.
Atualmente, para a maioria dos comuns mortais – não ligados a conceitos religiosos – no entanto, falar na palavra DEUS (em língua estrangeira ou portuguesa) – ligado ao AMOR e à ALEGRIA – parece assustar alguns ou criar conflitos noutros. Também para uns a palavra DEUS representa uma fé inabalável, embora para outros ela possa significar algo inatingível, distante, irritável, incongruente, fora de moda, ou mesmo algo inexistente no seu dicionário – também dentro das designadas novas espiritualidades. Por outro lado, para uma grande parte do ser humano a palavra DEUS estará ligada a qualquer tipo de religião…
Julgo que o conceito de DEUS foi alterado ao longo dos tempos. No entanto, grande parte das pessoas continua a identificá-Lo com algo que Ele não será – talvez com algo responsável pelos erros que o próprio homem comete, provavelmente. O ser humano esqueceu-se dos próprios valores… perdeu a sua identidade, o seu Ser Espiritual – talvez devido a coisas que não aceitou no destino, ou porque continua a querer manter-se vítima dum pai/deus castigador que nunca existiu – a não ser na sua mente. Talvez por isso esteja à procura de diferentes formas espirituais na terra… e se possa ter perdido…
Na sua arrogância esquece-se de falar e pedir a DEUS quando precisa – na sua memória já não se recorda que quando o faz é ouvido – quando não se autobloqueia ou inibe… Será que ainda conseguirá comunicar com Ele… ou mesmo consigo próprio?
Um aluno meu, da formação de Terapia Regressiva de Memória – talvez o aluno com mais idade que tive até hoje – com cerca de 70 e poucos anos – porém com um espírito jovem, ajudou-me a compreender um pouco melhor este conceito e a estar mais próximo do que poderemos designar como DEUS – embora julgo eu que ninguém consiga compreender totalmente tal realidade.
No início, quando conheci o Sr. Aníbal, às vezes durante as aulas este falava-me de coisas que via durante as práticas do curso que, nem eu nem os outros alunos poderão ter compreendido muito bem. Habituado a ter algumas pessoas diferentes neste tipo de formação, não me parecia no início, no entanto, ser algo de importante o que ele mencionava. Porém, ao longo do tempo, com algumas experiências mais reveladoras, comecei a aperceber-me que este aluno captava diferentes realidades que tomava perceção no campo astral. Mais tarde, apercebi-me que ele tratava há muito tempo, pacientes seus duma forma simples, com resultados fora do comum, tendo concluído posteriormente que este aluno, já com uma certa idade, possuía um dom… ou um Darma.
Entre simples orações, mezinhas antigas e encaminhamento de almas o Sr. Aníbal obtinha resultados espirituais em doenças do corpo e do espírito que os médicos não entendiam… ou não conseguiam curar. Sim, obtinha cura nos males que afligiam as pessoas – através de orações a DEUS…
Os seus guias – segundo dizia – ter-lhe-iam também previamente dito para vir aprender comigo a trabalhar com Terapia Regressiva de Memória em Vidas Passadas.
Um dia fui assistir a uma consulta sua, no seu gabinete e, verifiquei como este ser estava a trabalhar na abordagem da Terapia de Constelações de Família – disciplina que teria aprendido comigo durante o curso – mas que ele aqui tinha transformado num conceito de elevação das almas em grupo, através da compreensão do que se passava com os espíritos e, de oração para cura – com resultados estrondosos. Pensei para comigo nessa altura, sorrindo “O que diria Bert Hellinger se visse esta nova forma de trabalhar com Constelações…”
“É preciso fazerem depois o que eu digo (ou o que me dizem para eu lhes falar) …” mencionava-me referindo-se no que dizia aos seus pacientes – “A cura é pela fé e o remédio será a demonstração, através da forma como fazem o que lhes peço” – referia-me – “Coisas simples, mas que significam algo… e que quem não acredita não tem resultados…”. Apercebi-me então profundamente como a impaciência, a arrogância e a falta de humildade ou de fé do paciente, poderia prejudicar o bom resultado positivo final na cura… Nalguns casos era preciso umas orações, noutras umas limpezas ou benzeduras com vinagre e sal. Porém, se as dores ou os males voltassem bastava telefonar-lhe e, mesmo à distância, ele conseguia auxiliar com orações dirigidas a DEUS. “É preciso tirar os bloqueios do paciente – pois e aí que o mal se instala…” mencionava.
Embora nem sempre o resultado fosse logo imediato, eu próprio um dia decidi experimentar a sua terapia, tendo com isso obtido um desbloqueio na minha vida naquele momento. Este ser que me chamava de professor estava a ensinar-me algo. O dom era-lhe natural – sem nunca ele ter feito qualquer formação terapêutica ou energética de cura…
Comparativamente com os imensos e dispendiosos cursos “espirituais” que conheço, em que os interessados gastaram centenas ou mesmo milhares de euros para poderem ser “curadores” da chamada Nova Era e, onde se transferiu a ganância comercial para a espiritual – este ser não tinha tido qualquer formação académica e/ou terapêutica. Eu encontrava-me a aprender com uma pessoa simples e humilde que me estava a ensinar algo novo e diferente… chamando-me ele no entanto de professor.
Abordando ainda outro aspeto interessante – que me tenho apercebido e que confirmei mais uma vez – é que o puro ser espiritual não cobra valores. Das pessoas que me apercebo que têm verdadeiramente o dom de cura, mas que querem ganhar dinheiro ou explorar os outros, mais tarde ou cedo começam a pagar caro com a saúde, situações e por vezes a alma, por este erro… muitas vezes sem a noção do que lhes está a acontecer…
O dom de auxílio e cura espiritual não é para ser explorado… segundo consta…
Aníbal Martins contou-me então que até aos 50 anos tinha sido um indivíduo sofredor e agressivo, sem usufruir das capacidades espirituais que possuía. Num acidente de viação viu-se fora do corpo, num dado local, onde tudo era branco. A sua visão sobre a vida e a sua maneira de ser, bem como as suas capacidades terão mudado desde esse evento. Não seria a primeira pessoa que conheci, que após ter tido uma experiência próxima ou pós-morte, teve mudanças extraordinárias na forma de encarar a vida. Na realidade, segundo me contou, tornou-se a partir daí numa pessoa completamente diferente, com um dom espiritual que não sabia donde vinha… “Foi nesse mesmo momento que teve o encontro com a sua criança interior – a sua Fonte – DEUS, e se viu na realidade a si próprio tal como é…”- pensei para comigo.
Assim, propôs-me este aluno irmos à origem deste seu dom em Vidas Passadas, para sabermos donde viriam estas suas capacidades – através da recordação em Terapia Regressiva de Memória.
Deparei-me assim com uma vida pretérita sua – algures na Índia, onde este ser já curava pessoas junto a um lago de água azul – segundo me descreveu – e onde existia uma cascata. Pessoas vêm até ele, querendo que lhes toque. “As pessoas fazem fila, a chorar … eu toco-as com a palma das mãos… e as pessoas ficam felizes…. sentem bem depois.” – Diz-me.
“Eu falo muito alto para todos me ouvirem, pois o som da cascata é forte…” – descreve. Naquela existência, já a avó materna tinha o dom de cura… o qual passou para ele.
Aníbal compreendeu desta forma donde lhe vinha a sensação que ainda hoje tem, da sua capacidade de poder ajudar os outros através dum simples toque com as mãos…
Esta imagem fez-me recordar Alguém que, segundo alguns escritos, curava as pessoas tocando-as – em tempos antigos… e como as Almas se encontram em vários momentos e cenários diversos, multiplicando-se em seres e pessoas tão diferentes…
Para mim, esta experiência também me veio comprovar algo. Todos estamos aqui desconhecendo as nossas capacidades e quem somos. O conceito que cada um tenha sobre si próprio, a sua existência, o seu valor, estará também em proporção à sua relação não só consigo mesmo, mas também com DEUS – com a ligação à sua Fonte de origem, à sua criança interior. Na realidade fazemos parte dum Todo onde estamos inseridos dentro de várias formas e experiências.
Somos nós – as Almas, que criamos tudo o que existe à nossa volta – na matéria ou não matéria. Os projetos desta vida, a nossa missão, tudo o que atraímos foi previamente concebido por nós… e, naturalmente que a nossa força e fé movem montanhas – algo que pode parecer assustador para quem não esteja ainda preparado para este conceito.
DEUS só proporciona aquilo que a capacidade do nosso livre arbítrio pretende experienciar… ou criar. Ele provem um lugar seguro para desenvolvermos a possibilidade de sermos uma pessoa perfeita – da forma que pudermos ou conseguirmos ser. Ele não tem nenhum plano para si – mas você tem. Ele é o Todo Universal onde estamos inseridos e faz parte de todos nós, na nossa multiplicidade de formas. Os próprios animais fazem parte da sua criação, assim como nós também fazemos parte Dele.
Ele não tem uma forma física específica, é a Semente que está na nossa Consciência, no Todo. É a Energia que alimenta tudo o que existe e que você vê, sente, respira. No entanto, se quisermos falar mais alto do que DEUS, Ele silencia-Se, pois permite-nos ter essa experiência. Somos uma parte da Sua Criação e, por isso, somos cocriadores e responsáveis pela nossa realidade.
Tendo o livre arbítrio como pano de fundo na nossa vida, atraímos o resultado da experiência que escolhermos, mas tudo faz parte somente dum simples momento no tempo… e estará onde deverá estar. Na realidade, existe um movimento próprio neste Universo de Causa/Consequência.
Aprendi a pedir um maior auxílio a DEUS quando preciso, a ouvi-Lo, a senti-Lo… e a silenciar-me. Comprovei que na realidade, preciso ser mais humilde e a saber pedir… bem como a aceitar que mereço receber.
Bem-haja Sr. Aníbal. Agradeço de coração o conhecimento e ajuda que me trouxe.
Benjamim Levy