​Madalena

Exemplo dum caso de Terapia Regressiva de Memória

Dificuldade de sentir emoções – de se permitir a dar e receber amor… 

É interessante verificar-se como a alma no seu percurso evolutivo pode experienciar múltiplas personagens em diferentes momentos em corpos diferentes, ou mesmo até estar em vários corpos ao mesmo tempo em diferentes locais, sendo esta realidade também conhecida por alguns como “experiência em vidas paralelas”. Será sempre através destas diferentes experiências que a alma adquire o aprendizado no seu crescimento, aumenta a sua consciência e amor, evoluindo no seu percurso individual, beneficiando a Luz na Unidade deste grande Universo onde ela se encontra inserida.

Talvez fosse positivo fazer-se aqui um parêntese para referenciarmos que as diferentes personagens pelas quais a alma vai tendo a sua experiência neste plano enquanto ser físico tem sempre um princípio e fim limitado, através do qual ela coloca uma percentagem específica da sua energia. Naturalmente que quando termina uma experiência como personalidade individual, essa mesma energia (bem como a memória da experiência tida), são colectadas para serem reintegradas no seu Eu Superior – sede da sua Alma, que se encontra numa dimensão elevada e, cuja função é o desenvolvimento da Consciência e a sua transferência para os chamados Corpos Superiores, nos quais se encontra a Monada. Porém, nem sempre esta percentagem de energia regressa completa duma dada vida física, devido a diferentes aspetos que podem dilacerar ou desintegrar parcialmente os corpos subtis ou mesmo o corpo vital do ser humano, podendo bloquear uma rápida e completa ascensão do retorno da alma à sua casa, após a desintegração do corpo físico.

Talvez pudéssemos chamar à percentagem da alma que não regressa totalmente à sua casa-mãe, de subpersonalidade – com vida própria que, poderá influenciar vidas físicas posteriores ou paralelas desta mesma alma (ou de outras) com uma energia ou frequência – dum dado passado ou de algum momento – cuja interferência por norma a nossa personalidade atual poderá nunca ter consciência… Naturalmente que esta energia pode afetar com os seus bloqueios, emoções e traumas que ficaram da anterior personagem, como se exigissem à nova experiência como ser ou indivíduo uma solução para algo – que lhe pode tirar a paz. o bem estar ou mesmo a sua saúde. No fundo, podemos dizer que será como se uma parte de nós próprios estivesse a interferir connosco inconscientemente. 

A sensação que tive ao falar com Madalena pela primeira vez foi a de que eu estaria perante uma mulher bloqueada nas suas emoções, a qual estava a viver a sua existência somente a um nível mental. De rosto sério, numa figura de certa forma masculinizada, recordava-me um robot no corpo duma mulher, onde o intelecto e as regras mentais se sobrepunham ao papel feminino, como esposa e também mãe de 2 crianças pequenas. Não estranhei quando me disse que estava com falta de capacidade de lidar com as filhas e que se encontrava com falta de libido, para além de ter alguns sintomas como insónias e cansaço. Existia uma grande insatisfação interior, desmotivação e falta de autoconfiança. A ansiedade e estados depressivos eram frequentes. Não me mencionou logo na primeira consulta que vivia na realidade num casamento de distanciamento e de regras rígidas – o qual lhe trazia uma grande insatisfação e infelicidade como relação afetiva.

“Eu estou a perder o controlo das emoções…” menciona com o medo estampado na cara, dizendo-me também que tinha uma estranha sensação de sentir-se presa e impotente, sem a sua capacidade normal perante aspetos mundanos de afazeres que anteriormente ultrapassaria facilmente. Parecia também sentir-se incapaz para mudar certos aspectos do seu carácter pessoal na sua relação com as filhas.

Pretendeu esclarecer-se bem do que poderia constar a Terapia Regressiva de Memória, sendo a sua primeira consulta mais no sentido de ganhar plena confiança comigo, bem como de esclarecermos aspetos importantes da vida dela para a sua ficha de cliente, relevantes no trabalho terapêutico que iríamos desenvolver em conjunto.

Comecei por trabalhar alguns medos seus na primeira sessão regressiva e resolvi abordar o sintoma de taquicardia da qual se queixava. Era notório o nível de emoções bloqueadas no corpo, principalmente no coração – começando pela tristeza e indo até à culpa. Resolvi abordar e resolver a saudade inconsciente que tinha da mãe falecida.

Na segunda sessão sucede então um dos tais interessantes casos com uma subpersonalidade – também designada como sendo personalidade duma sua vida passada.

“Está uma criança num sítio escuro descalça” – começou por mencionar. “Usa uma espécie de avental atado à saia…”. Pedi-lhe então de seguida para entrar em contato com esta personagem e que lhe perguntasse à quanto tempo estaria ela com a minha cliente. “Está ali desde sempre… ” respondeu. “Pergunte-lhe porque é que veio ter consigo agora…” peço eu para questionar. “Ela diz que veio para me ajudar a sentir…” responde-me Madalena. Parecia esta personagem identificar-se com sendo uma criança de 11 anos – a qual não se sentia sozinha, pois vivia com a família. Depreendi posteriormente que conforme foi crescendo se tornou então numa mulher camponesa.

Num dado momento, a ansiedade e o medo surgiram, fazendo com que a minha cliente perdesse a capacidade de falar. A sensação de sentir-se presa encontrava-se agora presente. “Não quero que os outros saibam…” diz num tom de medo. O corpo todo tremia. Definitivamente aquela mulher robot que tinha entrado no meu consultório não era a mesma que estava ali. A emoção era agora bastante forte.

Descreve-me então que aquela personagem teria morrido nova. “Ela foi morta… mataram-na…” diz-me. Pergunto-lhe quem a matou. “O marido, os amigos dele e a mãe… enforcaram-na depois de a terem acusado…” responde. Após longo período continua: “Ela está a dizer-me que veio ter comigo para que eu a aceite, pois não a apoiei como irmã que era dela, quando precisou de mim…” diz começando num choro tremendamente forte… “Precisa que eu a tranquilize… Ela fez aquilo por sentimentos de amor que tinha por outra pessoa… Estava a viver os seus verdadeiros sentimentos! Diz-me para não a julgar!”. O pranto dela era agora bastante incontrolável. “Ela não teve o meu apoio… eu era irmã dela!! Foi como se a traísse…” Depreendi que Madalena parecia naquele momento sentir aquela situação como se houvesse culpabilizado uma irmã do seu ato irresponsável de adultério e tivesse permitido por isso que ela sofresse um castigo. A culpa, o pânico e a tristeza pareciam estar bastante presentes como cargas bem pesadas.O choro compulsivo tinha naquele momento passado para um forte grito de dor emocional…

No entanto, para mim aquela subpersonalidade teria feito uma abordagem ainda inicial para a verdadeira realidade que Madalena não tinha tido a coragem de enfrentar…

“Mas… mas ela está agora a dizer-me que na realidade ela sou eu própria?! Que fui eu que morri ali enforcada, pois eu e ela somos a mesma pessoa! Que na realidade fui eu que fui morta por amar alguém e, que desde aí passei a nunca mais entregar-me aos sentimentos…” Diz Madalena confirmando o que eu já teria intuído, através do seu enorme pranto. Segundo se apercebe teria sido obrigada a casar com alguém que não amava e, por insatisfação mais tarde, ter-se-ia envolvido numa relação extraconjugal com outro homem. Ao ser presa, julgada e morta pela própria família ter-se-ia sentido traída pelos sentimentos puros que teve de amor por alguém, existindo como consequência até ao momento da sua vida atual, nunca mais se ter permitido a ter sentimentos profundos por outra pessoa, ou mesmo de amor por si própria – vivendo a sua vida relacional somente num plano mental ou intelectual. Só o próprio risco de poder sentir emoções já lhe provocava pânico…

A subpersonalidade tinha desta forma exposto que havia uma parte de si própria que estava em conflito… devido a uma vida sua passada.

Compreendeu desta forma porque é que até hoje não se teria permitido a sentir-se feliz. A sensação de estar presa nas emoções era resultado da decisão interna que teria tido naquele passado. A falta de deixar fluir livremente o amor e a alegria dentro dela teriam feito com que vivesse a sua vida numa rotina cansativa de obrigações, bloqueada no medo de se permitir a sentir os verdadeiros sentimentos. Na realidade, a terapia transpessoal de Madalena começou a partir dali…

Algum tempo após a última seção de TRM soube que esta minha cliente finalmente estava feliz com o seu casamento, tendo melhorado completamente a sua vida sexual e afetiva, sentindo-se totalmente segura na sua vida amorosa. A sua relação com as filhas tinha mudado, tornando-se uma mãe carinhosa, com amor e ternura pela sua família. A alegria era agora reconhecida no seu rosto pelos seus amigos, que sem saberem o porquê, achavam-na diferente…

A subpersonalidade daquela época anterior tinha sido liberta para poder regressar à sua origem, ao amor que teria perdido. A energia que faltava foi completada na sua Alma…que se encontrava agora finalmente feliz e livre para continuar o seu percurso.

Benjamim Levy

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