SOFIA

Exemplo dum caso de Terapia Regressiva de Memória 

Paciente com crises de pânico e depressão

Quando Sofia veio ter comigo pela primeira vez sofria de crises de pânico incontroláveis e depressão crónica. A sua autoestima era baixa, com sentimentos de culpa – vivendo conflitos relacionais e sociais que faziam com que não conseguisse conviver com ninguém. Teria já tido periodicamente pensamentos de suicídio em momentos diferentes.

Com uma experiência de muitos anos de psicoterapia sem grandes resultados, a paciente encontrava-se medicada com antidepressivos há já alguns anos. Não conseguia sair de casa sozinha ou conduzir o carro, vindo acompanhada da sua psicoterapeuta e amiga nesta sua primeira consulta. Contou-me também que a sua insatisfação no casamento teria originado uma relação extra conjugal que mantinha, mas que a afetava psicologicamente.

Quando uma alma é educada com violência física, continua muitas vezes a manter os mesmos padrões dessa mesma violência contra si própria muitas vezes inconscientemente, talvez por hábito ou por ser a sua forma de reconhecer o amor. Entre estes padrões, são muitas vezes encontradas almas perdidas de gerações de família que não conhecem outra forma de amar…

Com o tempo habituei-me a que alguns pacientes que sofrem de síndrome de pânico, ao despedirem-se de alguém que veio acompanhá-los antes de começarmos a primeira sessão de Terapia Regressiva, fazerem-no com grande emoção. Neste caso, Sofia despediu-se da sua psicoterapeuta que a acompanhou até ali, como se nunca mais a fosse ver na vida, com os olhos em lágrimas. Vi-me na necessidade de acalmá-la explicando-lhes que nada de anormal se iria passar, realçando também que numa próxima seção muito provavelmente ela iria já conseguir vir sozinha para a terapia.

Soube através da sua anamnese que a mãe teria morrido numa explosão duma fábrica onde trabalhava – estando nessa altura a cliente ainda com 13 anos de idade. Esta perda provocou um estado depressivo no pai. Devido a isto, Sofia teria tomado o lugar da responsabilidade da mãe na casa, passando a gerir e a cuidar dos irmãos e do progenitor. A violência física teria estado quase sempre presente na sua vida – primeiro através da mãe, durante a infância até essa idade e posteriormente do pai durante a adolescência, até quase à idade de adulta quando Sofia se casou. O seu casamento teria sido uma forma também de fuga da agressividade da sua própria família. Na sua profunda carência nunca se sentiu correspondida pelo marido.

Segundo contou, teria estado cerca de 30 anos sem nunca ter chorado a morte da mãe…

Era notório que teria vivido sempre num EAC (estado alterado de consciência) preso a memórias de tristeza e de medo. A criança interior e a sua relação com a mãe começaram logo a ser trabalhadas na primeira sessão, em várias fases da sua vida, iniciando-se pelo período uterino.

Quando uma pessoa perde alguém que ama – mas com quem teve conflitos que não ficaram resolvidos, permanecem vários aspetos que deverão ser profundamente trabalhados. Um deles será a culpa – muitas vezes por termos dentro de nós um processo em aberto com a pessoa que partiu. Noutros casos a perda – que existe pela morte de alguém, criando um conflito inconsciente por estarmos vivos enquanto outros já não existem neste plano físico. Não se aceitar a morte de alguém faz com que uma parte de nós também morra… às vezes lentamente. No entanto, o maior problema poderá ser através da existência da zanga e do medo criados pela perda do amor. Este bloqueio poderá fazer com que nunca mais se confie na possibilidade de poder vir a ser feliz com alguém outra vez, ou a acreditar que o amor possa ser possível, não nos deixando livres para podermos encontrar outra pessoa para amar.

No caso de Sofia, ela tinha todos estes processos em aberto para serem trabalhados. Colocar a sua alma em contacto com a sua mãe para resolver o conflito que transportava a sua criança interior, foi na realidade o mais urgente, antes de se ir resolver qualquer outro aspeto. A culpa inconsciente não deixaria liberá-la dos restantes processos…

É normal as questões não resolvidas que vêm de vidas pretéritas repetirem-se nesta vida presente… A situação de perda desta mãe não teria sucedido pela primeira vez nas várias vidas físicas desta alma. O medo da perda de amor teria já ocasionado o não permitir que alguém se aproximasse dela para poder amar e ser amada… Sofia vivia o amor intensamente mas com grande carência e medo, mas a sua mente conseguia enganá-la não lhe permitindo tomar consciência do papel de vítima que transportava interiormente, através da sua criança interior…

Quando não aceitamos os outros é porque muitas vezes não nos aceitamos a nós próprios e, no caso da Sofia, ela não teria aceitado a mãe numa vida pretérita por diferentes razões – conflito esse que se repetiu na sua vida atual. Eis a causa pela qual não se aceitava – ou gostava de si própria… havia no seu inconsciente a culpa – algo que é normal existir quando não se toma com amor um dos progenitores. 

Quem não gosta de si próprio não atrai nada de positivo para a abundância na sua vida – aspeto esse que foi interessante reconhecer como sendo parte também do padrão da sua família atual. Na realidade, nada acontece por acaso… a nossa alma é atraída para um ambiente familiar idêntico ao processo a resolver-se e, que vem connosco em aberto das experiências de vidas passadas…

Os seus pensamentos suicidas atuais seriam duma subpersonalidade sua passada que se teria suicidado devido a sentir-se rejeitada relacionalmente com o conjugue nessa vida. Os mesmos sentimentos de rejeição continuavam a manter-se atualmente tanto na relação com os seus pais, como nas suas relações amorosas ou em vários aspetos da sua vida social e profissional.

Os seus pânicos começaram a desaparecer logo após a primeira sessão. No entanto essa era só a primeira camada a ser tratada, pois muitos outros sintomas e questões de caráter ou de personalidade foram necessários resolverem-se ao longo das sessões seguintes. A medicação antidepressiva foi deixada gradualmente. Passou a conduzir sem medo o carro, enfrentando todos os aspetos da sua vida com coragem e autonomamente.

Nas suas últimas sessões a cliente tomou também consciência de que a relação extra conjugal que mantinha não a satisfazia e que o conflito com o marido era derivado da sua carência e do medo de gostar de alguém. Passou a sentir-se feliz com o companheiro e com o seu casamento.

Soube posteriormente que Sofia para além do seu trabalho normal, tornou-se escritora, sociabilizando-se melhor com todos que a rodeavam, sentindo-se feliz em expor-se no universo onde estava inserida.

Benjamim Levy

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