TERESA


      Exemplo dum caso de Terapia Regressiva de Memória

Amor entre irmãos…

O amor pelos que se foram desta vida física permanece em nós em sofrimento muitas vezes inconscientemente, da mesma maneira tal como nas crianças – no grande amor ou preocupação que elas sentem por aqueles que mais lhe são queridos…

Uma criança só quer ser aceite, amada, nutrida. Quer pertencer à sua família, ser ouvida e… se tal não acontecer pode sentir-se rejeitada, ou mesmo culpada de algo…

Infelizmente, também por amor a alguém o ser humano pode ficar doente, não ser feliz, ou mesmo morrer, sem nunca saber a causa.

Teresa, uma mulher divorciada com 39 anos, veio ter comigo queixando-se que a vida não estava a correr bem para ela. Os relacionamentos não lhe davam certo, vivendo situações que sempre a magoavam. Havia também uma grande insatisfação no resultado da sua nova vida profissional – origem dum sonho seu, que teria seguido.

Na realidade, se os pais não a auxiliassem financeiramente, Teresa não teria forma de sobreviver. Contou-me por acréscimo que no seu ex-casamento ter-se-ia também apercebido desde o início, que o seu marido sempre a tinha enganado com outras mulheres. A sua infelicidade relacional ter-se-ia repetido com cenários diferentes noutras tentativas frustradas de poder ser amada por alguém…

Estava consciente de que durante toda a sua vida se teria sentido sempre como um ser não merecedor. Normalmente sofria duma dificuldade de reagir perante situações de real interesse pessoal – existindo na verdade o medo da sua própria ação – com uma estranha sensação de poder interiormente emergir algum descontrole seu que poderia fazer com que não terminasse bem algo que tivesse iniciado da sua parte. Devido a isso sofria também duma grande falta de espontaneidade.

Por outro lado queixava-se de uma tristeza e pessimismo que muitas vezes ocasionavam não lhe apetecer levantar de manhã e alguma raiva antiga contra si própria – sintomas esses que desconhecia qual a sua origem…

Apercebi-me que teria nascido com um trabalho de parto difícil da sua mãe, trazendo o cordão umbilical enrolado ao pescoço. Este indício para mim já seria revelador de graves processos passados, reabertos nesta vida para serem resolvidos…

Contou-me também que o seu irmão mais velho – primeiro filho da sua mãe, teria morrido poucos dias após o nascimento, por razões que desconhecia.

Era notório o seu estado de nervosismo e de insegurança interiores. Porém também nos podíamos aperceber da sua sensibilidade fora de comum, bem como duma grande consciência de valores humanos…

Cerca de 2 minutos após termos começado a primeira sessão de TRM, surgiu a culpa… que a mãe lhe teria feito sentir por Teresa ter fugido dela com 6 anos de idade dentro duma zona comercial. Culpa algo idêntica à que sentiu na barriga da mãe no momento antes de nascer, por não estar a conseguir sair facilmente pelo canal vaginal no momento do parto. Na realidade, Teresa não queria nascer, pois tinha medo de a magoarem neste mundo agressivo e desumano que esperava encontrar. “Se eu pudesse não saia… “ – diz sentindo um aperto na garganta – “Não consigo gritar… sinto-me pequenina, frágil…“

A expressão da face muda naquele instante. O seu semblante transforma-se agora numa outra personagem que está presa, amarrada, bloqueada – sensação idêntica à que tem sentido na sua vida atual em muitas ocasiões. Naquele momento ali na marquesa no entanto, a sensação é profundamente diferente – apercebe-se que está amarrada com cordas à volta do corpo, presa num pau. À sua volta existem fogueiras… Teresa já não se encontra a falar comigo, mas sim revive tempos antigos – numa congregação de índios tribais, onde foi acusada por algo e por isso a querem castigar. “Parece ser um ritual…” Naquele momento está ali para ser queimada e morta. “Sinto-me presa… não consigo reagir…” Ao mesmo tempo sente que merece aquele castigo, pois cometeu um erro considerado grave pelos outros. Teria afetado alguém muito importante naquela aldeia com uma poção que teria preparado e dado a beber, embora o tivesse feito com boas intenções. Sente no entanto que fez algo errado…

Tínhamos na realidade chegado à origem da culpa. Agora faltava ainda resolver o aspeto principal da TRM – executar a terapêutica para todo este processo. Desta sua má experiência passada teria ficado gravada a decisão inconsciente de não querer mais fazer nada que pudesse magoar alguém, trazendo para a sua vida presente a culpa – bem como o medo de poder falhar.

Teresa tinha já nascido com essa grande culpa – a mesma que sentiu na barriga da mãe e que transportava daquela personagem ali presa, para ser queimada. Culpa essa projetada na sua infância quando a professora – por exemplo – era exigente com ela, ou noutras situações da sua vida em que não conseguia reagir se a acusassem de algo, pois tinha medo da sua reatividade, mesmo até de sentir emoções. Este seu produto do passado tornara-se num processo autodestrutivo na sua vida atual.

O mais interessante estava agora a surgir na passagem do seu período de nascimento. Naturalmente que aqui vieram novamente as memórias de estar presa, bloqueada. O registo de que a vida lhe iria ser muito difícil já estava a ser feito através dum parto demorado e complicado. Nesse momento em que está ainda no útero da mãe surge-lhe então a presença do irmão falecido. A alma de Teresa sente-se mais uma vez culpada por vir a nascer e este irmão não ter conseguido permanecer vivo… “Desculpa…” pede-lhe a chorar. 

“Sinta o que o seu irmão lhe diz…” peço-lhe eu. “Ele responde que eu não tenho de lhe pedir desculpa…” diz Teresa. “Aperceba-se agora como é que ele se sente por você também se sentir culpada” contraponho. “Preso… ele sente-se preso aqui…” ouço retorquir enquanto continua a soluçar. “Eu não sabia que o estava a prender…”

A culpa que permanece connosco arrasta outros também. A sensação que Teresa tinha de estar presa seria igual à que a alma deste irmão estaria a sentir por estar ainda preso a ela devido à culpa inconsciente que esta transportava. Sempre por Amor, a Alma de família funciona na comunhão entre todos os seres que a compõem. Somos na realidade iguais – seres empáticos, interligados, conectados, por algo que nos une…

Naturalmente que alguém que nasce já com a culpa não se irá sentir merecedor e não irá atrair felicidade ou algo de positivo, saudável para a sua vida, bem como infelizmente, também para outros. No entanto mesmo assim, a realidade de não conseguir ser feliz poderá não inibi-lo de procurar soluções…

Nesta fase final terapêutica trabalhei então com as diferentes personagens destes cenários liberando-as dos seus processos e dos pesos que arrastavam consigo, deixando Teresa livre da sua culpa inconsciente. Era também por Amor a este irmão que a alma dela não queria nascer, permanecendo também presa a um passado seu desconhecido, não se permitindo a ser feliz ou a atrair abundância para a sua vida. 

Benjamim Levy

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